Quando
almas se encontram rola uma coisa que transcende qualquer entendimento. Com
certeza, no dia em que Cassia Eller encontrou Nando Reis na casa de Marisa
Monte o alinhamento dos astros mudou. A vida deles mudou. A música mudou. As
letras de Nando encontraram a voz a qual pertenciam, acharam a identidade e a
autoridade da Eller.
Não
sei bem o rumo que essa postagem vai tomar. Estou escrevendo em meio a uma
semana intensa e com um misto de euforia e desespero. Eu sou bem a síntese
desses dois aspectos. E em meio a tudo isso eu estava ouvindo O Segundo Sol.
Essa
canção foi o mais belo dos presentes de Nando para Cassia. No álbum Com Você... Meu Mundo Ficaria Completo,
de 1997, esse clássico estava lá, como a própria Cassia certa vez disse, ela
não sabia se ele havia dado essa música ou se ela havia roubado, já que a obra
parecia tão dela. Eles eram intrínsecos. Cassia era o de fato o segundo sol de
Nando, sua metade, alma gêmea, amor de uma vida inteira e, talvez, de outras
vidas. Ela deu luz a identidade dele, ele se tornou compositor da identidade
dela. Indissociáveis, como Gal e Caetano.
Ouvir
o Segundo Sol por esses dias me fez
trilhar por um caminho louco, onde a sensibilidade é posta à prova com todas as
forças. Em meio a estupidez dos dias, tentamos nos encontrar. Nando Reis já
havia dito há alguns anos que, a ideia do segundo sol é a quebra de verdades
absolutas. Não há nada mais absoluto, penso eu, do que a incerteza.
Estive
bem triste por esses dias, a saudade, que tem nome e aperta cada dia mais, além
ocorrências do dia a dia. Em meio a tudo isso também andei ressabiada sobre o
absurdo estereótipo que as pessoas criam. Não sei muito bem como lidar, mas
acho interessante a versão ogra que as pessoas tomam para si sobre mim, devo
ser uma devoradora de seres e ainda não tomei conhecimento disso. Isso me
aflige.
Com certeza Cassia e Nando sempre foram alvos
de olhares presunçosos como esses que andam me incomodando, e não sei em certos
momentos conseguimos ligar o foda-se. Isso machuca. Não sei se as pessoas podem
sempre lidar com nossas sensibilidades e o nosso papo reto. Mas o mais
angustiante é quando tratam isso como vulgaridade.
Imagina,
as pessoas criam personagens para si e não conseguem lidar com o real Eu dos
outros. Essas pessoas parecem confortáveis com mentiras e incomodadas com
realidades, realidades que muitas vezes desejariam para si. Conheço gente o
suficiente para saber o quanto algumas adorariam chutar a porta do closet e
tirarem as máscaras, mas preferem ficar cagando regras para si mesmas e criando
personagens toscos. Dignos de pena.
É
essa falta de encontro pessoal, de alinhamento de segundo sol, que algumas
pessoas têm falta. Não chamaria de falta de caráter, algumas coisas vão muito
mais além do que definições psicológicas. A psique
não explica tudo. Ser “ de boas” consigo mesmo é algo que requer encontros.
Encontros com seu próprio Eu, encontros com vários Eles, encontros com os Nós.
Se encontrar dá trabalho e é um processo doloroso.
E
é pensando sobre isso que eu peço respeito. Respeitem os encontros de cada um.
Tenham respeito por aqueles que resolvem trilhar a vida sem “cagação de regra”
e personagens. Tenham zelo pelas verdades que cada um descobre para si, e
principalmente, deixem viver.
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