segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Jão | Encontros oníricos e conversas de alma

     


Existem momentos na vida que a nossa lógica cotidiana e toda lucidez que a gente pensa ter simplesmente não explica. A gente pode até tentar planejar cada passo é ensaiar cada palavra, mas nunca vamos ser capazes de frear o inesperado. A verdade é que a felicidade não marca horário, ela invade e eu me recuso  negá-la.

As cartas de tarot disseram. 

Assim como o louco, iniciamos nossa jornada às cegas, entregues a imensidão de possibilidades. Ele é o arcano número zero, mas não simboliza o vazio, não representa o nada. O zero se apresenta como o espiral, o infinito e a multiplicidade de caminhos. Antes de aprendermos a andar já somos capazes de desejar as trilhas, porque já conhecemos o imaginário. E no processo de aprendizado lidamos com as quedas, mas mesmo assim sempre somos movidos por uma força que nos leva a seguir. O louco dança na beira do abismo porque não teme a profundidade, o mistério o move. O incerto lhe encanta, porque é na incerteza que nos permitimos aprender.


Gosto de ser imaturo com você
Gosto de me entregar e me perder
Quero poder implicar com todas suas maneiras

Eu me viciei em Jão muito antes de Imaturo fazer sentido, mas agora que se tornou uma verdade, ela se materializou como mantra. Às vezes a gente precisa passar por alguns processos que nos deixam em carne viva e extremamente vulneráveis para que seja possível nos entregarmos ao que realmente seja significativo despidas de toda vaidade e superficialidade. 

Às vezes tudo que a gente precisa é sentir a alegria irresponsável da adolescência quebrando a cadência concreta da nossa vida adulta. Minha alma está nua e não sinto vontade e muito menos a necessidade de vesti-la. 

É que eu sou fraco, frágil
Estúpido pra falar de amor
Mas se for com você, eu vou, eu vou

Os dias nesse país estão sendo de enlouquecer, mas se temos a dádiva de encontrar sentimentos intensos e profundos em meio ao caos precisamos ser gratos e não perder a oportunidade de eternizar cada um desses momentos de entrega. Alguns encontros são de alma, e mesmo que a gente ouse adiá-los por anos um dia eles acontecem. 

Não há nada que a nossa limitação da materialidade humana possa fazer para conter o destino, porque quando duas almas se reconhecem elas simplesmente são. Elas se reúnem porque é assim que tem que ser e nada poderia mudar o curso natural desse acontecimento. É como estar de volta para casa depois de uma longa viagem, como se achar pertencente a um abraço e um olhar. É ouvir uma voz e pensar que sentiu tanta falta de ouvi-la mesmo que a lógica humana lhe diga que aquele tom invadia seus sentidos pela primeira vez. E não há nada mais lindo do que se reconhecer em alguém, se refazer no outro, porque o outro também é você. 

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