terça-feira, 26 de julho de 2016

Novos Baianos| Amar em tempos de ódio é revolução. Sejamos Revolucionários.


Revirei meus arquivos hoje e me dei conta de que escrevi mais nos últimos meses do que em qualquer outro momento da minha vida. Esse blog ficou estacionado durante quase 3 anos, e pouca coisa do que escrevi antes foi de veras significativo do que qualquer linha que digitei desde março desse ano. O blog tem servido como um depósito da minha consciência, um frasco para captar minhas emoções. A motivação de todo esse jorro de palavras é simples, e talvez eu só tenha me dado conta disso hoje. O amor. O amor pela vida, pelas pessoas que me cercam, pela memória do meu Pai Tiago, e acima de tudo, o amor próprio. Tenho amado de forma arrebatadora e isso tem me dado animo, fôlego, vida.


Não se assuste pessoa
Se eu lhe disser que a vida é boa
Não se assuste pessoa
Se eu lhe disser que a vida é boa


Em meio a isso tudo, algumas canções se tornaram espécies de hinos. Elas embalam os dias pesados, aqueles que parecem que o ar chega a faltar. Mas também tem aquelas que são responsáveis de dar uma guinada da cama e querer correr sorrindo. Minha vida tem sido um turbilhão de emoções mesmo, a vivência tem sido a eterna e intrínseca relação de amor/ódio. Não é o ódio colérico, aquele pensamento destrutivo, mas o sentimento de não querer viver em alta voltagem o tempo todo. Um dia desses me perguntaram o porquê do ódio, nessa eterna relação dual, pois bem, é isso. Porém, essa sou eu, crua, nua e rasgada em meio a todas as minhas palavras e ações. Alguns correm de medo disso, outros eu peço encarecidamente que fiquem. No final das contas, algumas coisas são apenas destinadas a serem o que de fato são. Como já diria minha mãe Andrea "cada um é para o que nasce".  Talvez eu tenha nascido para ser como uma cachoeira silenciosa, mas que nem todos aguentam se banhar na sua queda.

Dentre todas as músicas que definem esse momento, Dê um rolê é sem dúvidas a que melhor representa meu estado de espirito. Escrita por Moraes e Luiz Galvão, foi lançada em 1971 em um compacto duplo com o A Cor do Som que também tinha as músicas: Você me dá um disco?, Caminho de Pedro e Risque. Gal consta também gravou essa canção em seu Gal a todo vapor, mas a venalidade da gravação original dos Novos Baianos e aquela flauta na introdução elevam o senso musical a décima potência.  É música psicodélica de primeira linha, é som para amor eterno.


Enquanto eles se batem, dê um rolê e você vai ouvir
Apenas quem já dizia
Eu não tenho nada
Antes de você ser eu sou
Eu sou, eu sou o amor da cabeça aos pés
Eu sou, eu sou, eu sou o amor da cabeça aos pés


Uma das coisas que aprendi no meio disso tudo, é que não dependemos de nada nem ninguém para exercer esse amor. Primeiramente, se ame, mas se ame mesmo. É impossível amar alguém quando não nos amamos, qualquer coisa diferente disso é desespero, humilhação. Com o tempo, em meio a todo esse exercício, a gente descobre que o que nos encanta nas pessoas não é o físico, as feições, a gente passa a se encantar pela alma delas. Talvez seja meio assustador quando as pessoas se dão conta que pouco me importa o que elas transmitem para a sociedade, mas sim, o que elas realmente expressão quando ninguém está olhando.

Ás vezes, em meio a isso tudo, parece que somos bobos, ingênuos, porque faz soar que nossa inocência é um campo fértil para que as pessoas se aproveitem e suguem todo esse sentimento na forma que elas bem queiram. Eu não consigo enxergar dessa forma, não posso conceber o quanto os nossos mais sinceros pensamentos possam ser maléficos para nós mesmos. Se você ama, ama intensamente, isso nunca vai lhe trazer mal algum, mesmo que as pessoas pensem que você é trouxa na situação como um todo. Pense comigo, se esse sentimento te move, de alguma forma, ele já está te fazendo bem. Eu quem não estiver nessa mesma sintonia, sairá da tua vida porque não vai dá conta. O amor sufoca os que não estão cheios dele.


E só tô beijando o rosto de quem dá valor
Pra quem vale mais o gosto do que cem mil réis
Eu sou, eu sou, eu sou o amor da cabeça aos pés
Eu sou, eu sou, eu sou o amor da cabeça aos pés


Então é isso, eu sou amor da cabeça aos pés. Descobri isso em meio as dores, as maiores que um ser humano pode sentir. Em meio as perdas, as frustrações, eu aprendi que talvez a minha missão seja essa mesmo, amar. O amor não pede nada em troca, ele é uma via de mão única e que faz um bem danado a quem dele vive. Enquanto isso, estarei sempre a distribuir abraços. Eu realmente acredito que os abraços onde nós nos encontramos são nossas verdadeiras casas, o resto é lugar de dormir.


Amem mais. Não confundam isso com passividade e falsos pudores. O amor não é engolir sapos e muito menos fazer média. Isso é enrolação. Amor é outra coisa, é sentir choques elétricos indolores, mas que nos tiram da inércia e nos jogam para o céu sem ter morrido. O amor não precisa ser Eros, não precisa ter beijo na boca, toque de pele –se tiver, melhor ainda, não estamos aqui para mentir- mas precisa ter preocupação em ver o sorriso no rosto do outro. Amar é perguntar “ o que te faria feliz agora? ” e não querer nada em troca. Amem mais, perdoem mais. Se entreguem mais. Sejam amor da cabeça aos pés. Amar em tempos de ódio é revolução, tomem seus amores pelas mãos e sejam revolucionários. 

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