Nem só de sons se fazem os
dias. As vezes a gente só quer ficar escutando nossos próprios pensamentos. O
que pode ser bem amargo. Ficar perdido em nossa própria confusão e preso em
nossos próprios conflitos é nosso refúgio, nossa proteção. Nos fechamos porque
não parecemos mais ser capazes para lidar com as agressões da vida. Entramos no
modo operandi da resignação.
Não posso fazer ode a isso,
não é algo que me orgulhe de dizer que é aceitável, mas é o que temos em nossas
mãos em alguns momentos. É o que a vida supostamente nos oferece. Sinceramente,
não sei se é ela que nos oferece ou se é o que nós pensamos que merecemos.
Temos medo da grandeza dos nossos quereres. Imagine o quanto deixamos de viver
por medo da projeção da dor. Precisamos decidir se queremos o estado de inércia
ou respirar fora desse tubo que é nossa acomodação.
Eu particularmente tenho
preferido nadar contra a corrente. Sinto que até tenho aberto mão dos meus
desejos pessoais para enxergar o que é necessário ser feito. É pensar mais com
a razão e deixar a impulsividade em segundo plano. Na verdade, eu não expresso
nem 50% de tudo que eu gostaria de dizer, fazer e materializar, abro mão porque
minha insegurança me emite sinal alerta a todo momento, o que é uma
grande merda. Queria não ter seriedade na vida pelo menos por 10 minutos. Levar
a vida muito a sério é um peso que na maioria das vezes se torna insustentável.
Nos cobramos em demasia, nos
permitimos pouco. Nos restringimos muito. Mas nossas pulsões estão muito visíveis
que nem precisaríamos falar sobre elas, elas estão nuas. Nossa alma está nua. A
troco de quer sofremos tanto por isso? Quando na verdade as dores são nossas.
Escute bem, ninguém poderá carregar suas dores, logo ninguém pode comandar seus
sentimentos e ações. Isso gera uma angústia, uma ansiedade que nos corrói por
dentro e nos joga dias a fio no nosso estado depressivo. Estamos aceitando que
nossos medos deem o tom e o ritmo da nossa vida.
Não sei bem como lidar com
minhas dores, mas se pudesse cataria as suas, caro leitor/leitora, e as levaria
para o esquecimento. Parece ser tão difícil fazer as pessoas entenderem que
aquela nossa indiferença, silêncio e falta de interesse são na verdade gritos
emudecido de socorro. São nossas dores sufocando a nós e nossas relações aos
poucos.
Não existe alopatia suficiente
para nos tirar dos dias pesados. Não posso mentir para você, mas posso com
certeza lhe oferecer os ouvidos e olhos para ouvir e olhar enquanto escuto,
pois isso foi tudo que eu também precisei e ainda preciso em meus dias de
chumbo. E desejo profundamente que você poderia ver a mesma força que eu vejo
emanar de você e que sua alma conseguisse refletir na mesma nuance do que o
espelho lhe mostra.
Caro leitor/leitora, não
existirá músicas para todos os dias e nem sorrisos e abraços suficientes para
suas dores, mas quero que saiba que independente das agruras, dos dias e das
decepções, as nossas dores podem nos guiar para um entendimento pessoal e do
próximo. E pode ter certeza, você nunca estará só nessa jornada a partir de
agora.
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