sábado, 28 de maio de 2016

Ella Fitzgerald| Quando Lady Ella se tornou trilha dos meus dias







Foram meses ininterruptos, acredito que quase 1 ano. Foi uma ode. Eu escolhi Ella Fitzgerald para ser minha companheira em todos os percursos que fizesse. Ela tocava sem parar e incansavelmente no som do carro. Os autofalantes se tornaram uma extensão de sua voz. Se eu a escolhi como trilha enquanto dirigia, o destino a definiu como interprete das memórias mais doces da minha vida.

Lady Ella nasceu no estado da Virgínia, em 25 de abril de 1917 na cidade de Newport News, que na época não tinha mais do que 35 mil habitantes. De uma infância duríssima ao palco do mitológico Teatro Apollo, em NY, Fitzgerald imortalizou mais de 250 músicas do Great American Songbook. As imortalizou em nossos ouvidos, mentes e lembranças.

Na parede do meu quarto habita um pôster de Billie Holiday, motivo de diversas discussões com meu pai, onde dissertávamos quem foi melhor, Billie ou Ella. Era apenas uma das nossas séries de “brigas” sobre os mais variados temas. Mas eu sinto falta disso, sinto falta das divagações e dos sábados livres com os pés no centro da sala.

Não é mais a dor da impotência que sentia antes, é a dor de saber que sábados como aqueles não vão mais se repetir no plano material. Eles estão imortalizados no meu mundo das ideias. Eles estão em mim e em cada passo que dou, em cada linha que eu escrevo, em cada opinião que eu verbalizo. As semelhanças que antes nos fazia ser dois ranzinzas dentro de casa discordado de cada frase do outro, agora parece que grita em meio a esse momento louco que se vive nesse país.

E o que Lady Ella tem parte nisso? Tudo. A Primeira dama da canção foi, e sempre será, a trilha para esses momentos inesquecíveis. O sofá, finalmente, saiu da sala, tudo parece mais limpo, claro e agora as bandeirinhas de oração budistas e o senhor Bowie dão um outro aspecto a casa, mas as memórias mais doces permanecem lá e acalentam todos os sonhos das duas almas intempestivas, a minha e a dele. Don’t fence me in continua tocando. De uma forma absurda, e linda, ao escutar essa música eu sinto um cheiro de roupa limpa e paella no fogo pelo apartamento. É um misto de saudade, nostalgia e memória.

Músicas para Sábados memoráveis:

2 comentários:

Ana Seerig disse...

Alice,

Só agora pude ler teu post. Excelente!
Ella está naquela minha lista imensa de músicos sobre os quais tenho que buscar mais informações e ouvir muito.
Estou aqui ouvindo tua seleção e, já na primeira, estou encantada! Vai embalar bem meu fim de segunda!

Danke! ;)

Pandora disse...

Alice porque você me arranca lagrimas assim?!?!? Que coisa... que coisa... Adoro isso aqui!!!

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