Eu
sempre brinco que devemos procurar um amor que nos olhe como Gal Costa olha
para Maria Bethânia enquanto cantam Esotérico
(confiram no Youtube as gravações de 76 e 2002). Grande bobagem. Quiseram os
deuses que eu não atrelasse mais Esotérico
aos olhares de Gal e Bethânia, e sim, ao amor mais lindo que vi em toda
minha existência.
A
gente cresce idealizando pessoas, idealizando amores e sonhando viver um. Eu
tive a benção de ver um desses amores que enche nossos olhos de lágrimas e nossos
corações de esperança. Antes que me perguntem, não, eu não era protagonista
nessa história, mas de certa forma essa história de amor se entrelaça com minha
vida, quase sendo ela o ethos da
minha existência como alma.
“Não
adianta nem me abandonar
Porque
mistério sempre há de pintar por aí
Pessoas
até muito mais vão lhe amar
Até
muito mais difíceis que eu pra você”
As
vezes o curso da história não é bem o esperado, aquele curso para o qual
torcemos. Não é um amor de margem esquerda, não é um amor de margem direita. É
amor de terceira margem. Amor que não cobra, amor que dói de saudade, mas que
sem se perceba. É amor que não cabe em uma vida, e por isso há de se restaurar
pela eternidade. É puro, e ao mesmo tempo se inflama. É amor para quem tem
entendimento.
Eu
tendo a pensar que era um amor que de tão livre, não poderia carregar rótulos.
Não haveria círculos de ouro ou prata suficientes para prender entre os dedos.
Foi nessa vida o amor do silêncio. Já aprendemos com a literatura que alguns
amores nascem para ser Tristão e Isolda... Abelardo e Heloisa.
“Se
eu sou algo incompreensível, meu Deus é mais
Mistério
sempre há de pintar por aí
Não
adianta nem me abandonar
Nem
ficar tão apaixonada, que nada
Que
não sabe nadar
Que
morre afogada por mim”
Se
posso eu lhe dizer algo de alento, esse amor não morre. A vida brinca com esse
menino travesso chamado destino e nos apronta das suas, mas existem barreiras
que a perda não transpõe, não acaba e não cessa. Os olhos mais amorosos do
mundo sempre estarão lá para fazer a alma desse Tristão se aproximar de sua
Isolda. E nessas horas surge o que é incompreensível para nós, os espectadores.
Não foi e não há de ser jamais coisa finita. Os palmos do chão não enterram o
que almas sentem. O amor que me fez não foi um amor esotérico, foi e sempre
será, simplesmente, amor.
0 comentários:
Postar um comentário